segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Como eternizar uma pessoa em um texto?

Em quantas maneiras somos capazes de eternizar uma pessoa em um livro?
Por meio de uma personagem com transtorno bipolar, dependente química e com complexo de superioridade?
Talvez. O que importa é que as pessoas que um escritor conhece e decide eternizar em um livro acabam não tomando conhecimento do caso. E quem vai se identificar com a tal descrição será o infeliz hipocondríaco que estiver lendo o livro (pode até ser a Antologia Poética do CNNP, inclusive) tragando seu cigarro e que deu sermão em algum subordinado naquele dia.
"Nossa! Me identifico tanto com o fulano! Escreve super bem."
Confesso que já perdi o rumo da prosa. Havia pensado em dizer, por um momento, nas mais variadas formas de eternizar uma pessoa em uma publicação em versos, que é algo muito difícil. Para identificar a criatura eternizada no texto, você tem que conhecer o autor muito bem. Aí comecei a refletir sobre uma pessoa bipolar-dependente-que-se-acha-superior e pensei: por que não falar de quem se identifica mas não é o protagonista? Expliquemos.
Pra mim é o que ocorre em romances de tipo John Green, por exemplo. (Longe de criticá-lo, acho excelente, é disso que o adolescente precisa, da crueldade da vida e aprender a lidar com ela desde cedo) AI QUE LINDO "A culpa é das estrelas", parece eu e o fulano. Nope. Procure quem ele quis eternizar naquela descrição. Longe de ser isso que 'cê tá pensando. E o burro vai na frente.
Mas e se eu souber quem o louco autor eternizou em um texto? Hã? A treta está lançada.
E de fato, já que o autor lança um livro sobre alguém (ou mais de uma pessoa, no caso de coletâneas de textos avulsos, que é o que mais gosto de fazer) que ainda está vivo e que conhece muito bem. Quais as chances da criatura eternizada neste livro reconhecer? Será que reconhece? (lembrando que se você eternizar a mesma pessoa em todos os textos você tem sérios problemas).
Partindo do princípio que você não entregará nas mãos da personagem eternizada em sua publicação e nem com uma flecha indicativa ou com marca texto no parágrafo ou página: VOCÊ É ESTE AQUI! deveremos nos contentar com o simples fato de ter tentado. É, devemos nos contentar com as tentativas, assim estaremos sempre contentes! Só não estaremos contentes quando não tentarmos. Então... Não paremos de escrever!
Ainda lembrando das falas do grande Schopenhauer que disse "não se escreve sem sentir necessidade" (caso contrário, não estará bom, não será útil) um texto feito pensado em alguém (praticamente todos, certo?) terá sua serventia, e essa é a graça de ler romances. (Viajando de novo).
Há quem diga que é perda de tempo ler romances, porque eles não falam da realidade e são como novelas. (!) Vamos combinar que o mundo é movido por pessoas, que você precisa delas, que você se apaixona por uma delas, que você não é nada sem elas e que ainda as escolhe como instrumento de trabalho (meus pêsames). Muitos dos erros que cometemos conosco poderiam ser evitados ao ler romances. A graça não é torcer para gerar conflito, e sim aprender com os erros dos outros, para não perder tempo cometendo os mesmos erros em sua vida! (VER SOBRE ERRO NO POST:http://stringsfrommyviolin.blogspot.com.br/2015/01/filosofia-de-vida-certo-e-errado-do.html)

É pra isso que existe romance, é pra isso que existe poesia. Agora me ocupo em obscurecer meus eternizados nos livros a serem publicados futuramente.

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